Wednesday, May 31, 2006
Tuesday, May 30, 2006
Monday, May 29, 2006
Sunday, May 28, 2006
Thursday, May 25, 2006
Wednesday, May 24, 2006
Saturday, May 20, 2006
DIGA NÃO ÀS DROGAS
- Dá-me um CD do Zezé de Camargo e Luciano.
Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... “Banda Eva”, “Cheiro de Amor”, “Netinho”, etc. Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores: “É o Tchan”, “Companhia do Pagode”, “Asa de Águia” e muito mais.
Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer a bunda como eu nunca havia mexido antes, então meu “amigo” me deu o que eu queria, um CD do “Harmonia do Samba”. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, minha razão de existir. Eu pensava por ela, respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, você começa a querer cada vez mais, mais, mais... Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show de encontro dos grupos “Karametade” e “Só pra Contrariar”, e até comprei a Caras que tinha o “Rodriguinho” na capa. Quando dei por mim, já estava com cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro, meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra: entrei para um grupo de Pagode.
Enquanto vários outros viciados cantavam uma “música” que não dizia nada, eu e mais 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorriamos e fazíamos sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a coletânea “As Melhores do Molejão”. Foi terrível!!! Eu já não pensava mais!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas “miseráveis” e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, no liminar da condição humana, quando comecei a escutar “Popozudas”, “Bondes”, “Tigrões”, “Motinhas” e “Tapinhas”. Comecei a Ter delírios, a dizer coisas sem sentido. Quando saia a noite para as festas pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas; uns nobres queriam me mostrar o “caminho das pedras”, outros extremistas preferiam o “caminho dos tempos”.
Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa.
Hoje estou internado em uma clínica. Maus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam Ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues. Mas o me médico falou que é possível que tenham que recorrer ao Jazz e até mesmo a Mozart e Bach.
Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante; vai perder as referências e definhar mentalmente. Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte: Não ligue a TV no Domingo a Tarde; Não escute nada que venha de Goiânia ou do Interior de São Paulo; Não entre em carros com adesivos “Fui...” Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito foi ao programa da Hebe ou se apareceu no Sabadão do Gugu; Mulheres gritando histericamente é outro indício; Não compre nenhum Cd que tenha mais de 6 pessoas na capa; Não vá a shows em que os suspeitos façam gestos ensaiados; Não compre nenhum Cd que a capa tenha nuvens ao fundo; Não compre qualquer CD que tenha vendido mais de 1 milhão de cópias no Brasil; e Não escute nada que o autor NÃO consiga uma concordância verbal mínima. Mas, principalmente, duvide de tudo e de todos. A vida é bela! Eu sei que você consegue!
Diga não às drogas!
Thursday, May 18, 2006
O QUE REALMENTE ACONTECEU
Para encerrar de uma vez por todas a questão, eis o que realmente aconteceu no domingo, 12 de julho, antes de o brasil entrar em campo para decidir a copa do mundo. Todas as outras versões dos fatos são incorretas ou fantasiosas.
11h – os jogadores acordam normalmente, como todos os dias, dunga vai ao quarto de cada um e o derruba da cama.
11h15 – zagallo convoca uma reunião para tratar da estratégia que usarão contra a noruega. Ninguém lhe dá atenção. Zico lembra a zagallo que o jogo será contra a frança.
11h30 – café da manhã. Todos parecem descontraídos. Há a habitual guerra de coalhada, vencida por roberto carlos. Dunga pede voluntários para limpar uma clareira atrás da concentração de pedras e tocos de árvores, mas acaba indo sozinho. Ronaldinho recebe um telefonema da adidas, dizendo que seqüestrou a suzana werner. Zagallo volta para a cama.
12h – almoço. Todos estranham a mudança do pessoal da cozinha, e do menu. As suspeitas crescem quando um dos escargots servidos ao ronaldinho tenta fugir do prato, mas cai, com evidentes sinais de envenenamento, antes de chegar muito longe. O escargot é atendido pelo dr. Lídio, que diagnostica estresse e autoriza a sua volta para o prato de ronaldinho.
13h – descanso. Os jogadores vão para os seus quartos, ignorando uma convocação do zagallo para estudar tapes dos últimos jogos da croácia, para não serem surpreendidos. Júnior baiano pede um dos livros do leonardo emprestado e pergunta se o schopenhauer é com figurinha. Isto parece afetar estranhamente ronaldinho que tenta esgoelar roberto carlos. Ninguém intervém e alguns até o incentivam. Ronaldinho só pára com a chegada de ricardo teixeira com a notícia de que a nike comprou a cbf, pretende redimensioná-la, investindo em outras áreas, e quer perder a copa para sinalizar ao mercado que está abandonando o futebol.
14h30 – no quarto, roberto carlos raspa a cabeça de ronaldinho e nota um pequeno dardo espetado na sua nuca. Ronaldinho diz que pensou que fosse uma mordida de mosquito e os dois não dão maior atenção aos fatos.
15h17 – roberto carlos acorda da sesta e vê ronaldinho caminhando no teto.
15h20 depois de tentar, inutilmente, puxar ronaldinho para o chão, roberto carlos vai procurar ajuda. Encontra dunga no corredor, fazendo embaixada com uma escrivaninha. Os dois correm para o quarto e descobrem ronaldinho de pé em cima da cama, coberto de pêlos, rosnando e com chapéu do napoleão na cabeça. Começam a gritar. Chegam correndo césar sampaio, cafu, aldair e júnior baiano mas nenhum deles consegue impedir que zidane seja o primeiro a entrar no quarto.
15h42 – depois de examinar a situação, o dr. Lídio recomenda repouso e muito líquido e receita duas aspirinas e um calmante para roberto carlos.
16h05 - em pânico césar sampaio enfia o dedo na boca e tenta desenrolar a língua de zé carlos, até ser convencido de que ele fala assim mesmo. Zagallo acorda da sesta e, ao ser informado do ocorrido, pergunta: “que ronaldinho?”
18h52 – ronaldinho é levado para um hospital francês, onde é substituído por um sósia.
20h30 - o sósia de ronaldinho assegura à comissão técnica que pode jogar. Intrigado com o fato de p jogador estar falando com um forte sotaque francês, a comissão ouve dos médicos a explicação de que aquilo é comum em casos como o do ronaldinho, seja ele qual for.
20h50 - a seleção entra em campo com o sósia do ronaldinho, que não joga nada. O brasil perde o jogo e a copa.
Luis Fernando Veríssimo – A eterna privação do zagueiro absoluto
RESSACA
Hoje, existem pílulas milagrosas, mas eu ainda sou do tempo das grandes ressacas. As bebedeiras de antigamente eram mais dignas, porque você as tomava sabendo que no dia seguinte estaria no inferno. Além de saúde era preciso coragem. As novas gerações não conhecem ressaca, o que talvez explique a falência dos velhos valores. A ressaca era a prova de que a retribuição divina existe e que nenhum prazer ficará sem castigo.
Cada porre era um desafio ao céu e às suas feras. E elas vinham : Náusea, Azia, Dor de Cabeça, Duvidas Existenciais - golfadas. Hoje, as bebedeiras não têm a mesma grandeza. São inconseqüentes, literalmente. Não é que eu fosse um bêbado, mas me lembro de todos os sábados de minha adolescência como uma luta desigual entre a cuba-libre e o meu instinto de autopreservação. A cuba-libre ganhava sempre. Já dos domingos me lembro de muito pouco, salvo a tontura e o desejo de morte.
Jurava que nunca mais ia beber, mas, antes dos trinta, "nunca mais" dura pouco tempo. Ou então o próximo sábado custava tanto a chegar que parecia mesmo uma eternidade. Não sei o que a cuba-libre fez com meu organismo, mas até hoje quando vejo uma garrafa de rum os dedos do meu pé encolhem.
Tentava-se de tudo para evitar a ressaca. Eu preferia um Alka-Seltzer e duas aspirinas antes de dormir. Mas no estado em que chegava nem sempre conseguia completar a operação. Às vezes dissolvia as aspirinas num copo de água, engolia o Alka-Seltzer e ia borbulhando para a cama, quando encontrava a cama. Mas os métodos variavam.Por exemplo:
Um cálice de azeite antes de começar a beber -- O estomago se revoltava, você ficava doente e desistia de beber.
Tomar um copo de água entre cada copo de bebida -- O difícil era manter a regularidade. A certa altura, você começava a misturar a água com a bebida, e em proporções cada vez menores. Depois, passava a pedir um copo de outra bebida entre cada copo de bebida.
Suco de tomate, limão, molho inglês, sal e pimenta -- Para ser tomado no dia seguinte, de jejum. Adicionando vodca ficava um bloody-mary, mas isto era para mais tarde um pouco.
Sumo de uma batata, sementes de girassol e folhas de gelatina verde dissolvidas em querosene -- Misturava-se tudo num prato pirex forrado com velhos cartões do sabonete Eucalol. Embebia-se um algodão na testa e deitava-se com os pés da ilha de Páscoa. Ficava-se imóvel durante três dias, no fim dos quais o tempo já teria curado a ressaca de qualquer maneira.
Uma cerveja bem gelada na hora de acordar -- Por alguma razão o método mais popular.
Canja -- Acreditava-se que uma boa canja de galinha de madrugada resolveria qualquer problema. Era preciso especificar que a canja era para tomar, no entanto. Muitos mergulhavam o rosto no prato e tinham de ser socorridos às pressas antes do afogamento.
Minha experiência maior era com a cuba-libre, mas conheço outros tipos de ressaca, pelo menos de ouvir falar. Você sabia que o uísque escocês que tomara na noite anterior era paraguaio quando acordava se sentindo como uma harpa guarani. Quando a bebedeira com uísque falsificado era muito grande, você acordava se sentindo como uma harpa guarani e no deposito de instrumentos da boate Catito's em Assunção.
A pior ressaca era de gim.
Na manhã seguinte, você não conseguia abrir os dois olhos ao mesmo tempo. Abria um e quando abria o outro, o primeiro se fechava. Ficava com o ouvido tão aguçado que ouvia até os sinos da catedral de São Pedro, em Roma.
Ressaca de martini doce: você ia se levantar da cama e escorria para o chão como óleo. Pior é que você chamava a sua mãe, ela entrava correndo no quarto, escorregava em você e deslocava a bacia.
Ressaca de vinho. Pior era a sede. Você se arrastava até a cozinha, tentava alcançar a garrafa de água e puxava todo o conteúdo da geladeira em cima de você. Era descoberto na manhã seguinte imobilizado por hortigranjeiros e laticínios e mastigando um chuchu para alcançar a umidade. Era deserdado na hora.
Ressaca de cachaça. Você acordava sem saber como, de pé num canto do quarto. Levava meia hora para chegar até a cama porque se esquecera como se caminhava: era pé ante pé ou mão ante mão? Quando conseguia se deitar, tinha a sensação que deixara as duas orelhas e uma clavícula no canto.
Olhava para cima e via que aquela mancha com uma forma vagamente humana no teto finalmente se definira. Era o Peter Pan e estava piscando para você.
Ressaca de licor de ovos. Um dos poucos casos em que a lei brasileira permite a eutanásia.
Ressaca de conhaque. Você acordava lúcido. Tinha, de repente, resposta para todos os enigmas do universo. A chave de tudo estava no seu cérebro. Devia ser por isso que aqueles homenzinhos estavam tentando arrombar a sua caixa craniana. Você sabia que era alucinação, mas por via das dúvidas, quando ouvia falar em dinamite, saltava da cama ligeiro.
Hoje não existe mais isto. As pessoas bebem, bebem e não acontece nada. No dia seguinte estão saudáveis, bem-dispostas e fazem até piadas a respeito.
De vez em quando alguns dos nossos se encontram e se saúdam em silêncio. Somos como veteranos de velhas guerras lembrando os companheiros caídos e o nosso heroísmo anônimo.
Estivemos no inferno e voltamos, inteiros.
Um brinde.
E um Engov.
Luis Fernando Veríssimo – Mesa Voadora
Wednesday, May 17, 2006
PROVÉRBIOS DO FUTEBOL!
Eu confesso que nunca fui de acreditar em adágios e ditados populares, na verdade, muitos eu não entendo. Qual é o significado, por exemplo de “pra baixo todo santo ajuda”. Mas é preciso reconhecer que alguns se aproximam muito da realidade, principalmente quando o assunto é futebol.
Quem deve tomar cuidado com esses provérbios é o nosso querido Carlos Alberto Parreira, porque como primeiro ato, depois de me render à pressão dos ditados, – afinal, água mole em pedra dura, tanto bate ... – fui para as ruas. Calma, ainda não estou em campanha política. Mas como se tivesse, fui ouvir o povo pra saber a opinião sobre o técnico da seleção brasileira. E se a voz do povo é a voz de Deus, é melhor o Parreira começar a rezar, porque se Ele acredita no que dizem por aqui, o céu ainda não está garantido.
Como gesto de fé Parreira repousa sua cabeça no travesseiro toda noite e começa suas orações, mas quando é época de convocação ele prefere apelar para o canto (quem canta reza duas vezes). Concentrado ele escuta uma voz superior, que reclama insatisfeita com seu trabalho à frente de nossa seleção, afinal, apesar de toda modéstia que há na Argentina de proclamar Diego Maradona como Deus, nós sabemos que o único e verdadeiro Todo Poderoso é tupiniquim, e como dizem que todo brasileiro é um técnico em potencial, não demora muito para as cobranças.
_ Mas Deus, eu confio no Lúcio! Se defende Parreira
_ Para com isso meu filho. Diz Deus, já perdendo a paciência (que posteriormente ele deu a Jó) Me explica então a escalação do Roque Junior?
_ Eu escalo o Roque porque... Porque ele me passa segurança. É isso, eu não posso esconder nada de você.
_ Querido, eu sempre te ajudei, te dei todas as oportunidades que você precisou, te protegi, mas não, você queria mais. Tinha que largar o bom time que eu montei pra você no Corinthians e assumir de novo a seleção. (mais vale um pássaro na mão do que dois voando) Até dei a você uma Copa do Mundo e é assim que você me retribui?
_ Não se preocupe que com meu esquema tático de três volantes não vai chegar nenhuma bola na defesa.
_ Não sei não. Eu sei que sou poderoso, mas aí você tá pedindo demais. Eu não posso dar bandeira que torço para o Brasil, tenho que ser imparcial.
_ Mas pense bem, desse jeito vai ser mais emocionante, todo mundo desconfiando da nossa seleção e de repente, lá vamos nós, rumo à Alemanha. No final eles vão ter que dar a mão à palmatória e vão dizer ... “É Deus escreve certo por linhas tortas”!
_ Eu sabia que não devia ter feito tantos provérbios ...
Tuesday, May 16, 2006
CONVOCAÇÃO DEFINITIVA
Depois de acompanhar a convocação da seleção resolvi montar a minha convocação, baseado, é claro, em muita análise escolhi os melhores jogadores de cada posição, sempre levando em conta que o futebol é uma benção!
GOLEIROS:
Marcelo: não precisa nem explicar
Clemer: sempre entrega uma bola
Lauro: ex-ponte preta que sempre já foi até seleção
LATERAIS:
Michel: pela sua excepcional atuação no São Paulo ano passado
Baiano: essa foi por dó por ter sido ofendido na Argentina
Ronny: o novo Roberto Carlos
Fábio Santos: habilidade a serviço do Brasil
ZAGUEIROS:
Edcarlos: pela sua segurança
Marinho: na dificuldade ele sempre faz um gol (contra)
Glauber: que quase barrou Gamarra
Wilsão: depois de aterrorizar no São Paulo e no Inter, onde ele estará agora
VOLANTES:
Cocito: o jogador mais leal do Brasil
Wendell: o novo Beckenbauer
Marcinho Paulada: coitado dos jogadores russos!
Vampeta: maestro do futebol, joga com as mãos e com os dedos, mas não corre mais.
ARMADORES:
Élton: o novo Maradona
Tadei: antes volante, agora armador da Roma
Danilo: o armador mais rápido de todo Brasil
Pedrinho: eterna promessa que sempre está machucado
ATACANTES:
Geilson: esse não perde a chance de errar um gol
Finazzi: se ele fosse pra copa ele com toda certeza seria artilheiro
Abuda: que sempre calou seus críticos
Diego Tardelli: o sempre calmo e habilidoso
E para treinar essa grande seleção nada melhor do que dois técnicos e um auxiliar, são eles:
Joel Santana, o rei da prancheta!
Oswaldo de Oliveira, o grande motivador!
E como auxiliar-técnico Ademar Braga, o metrossexual do futebol brasileiro, Beckham da terceira idade!
Monday, May 15, 2006
LOUCOS E SANTOS
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde
Sunday, May 14, 2006
MÃE
MÃE!
Bendito seja o amor que a conduziu a viver sua história e lhe conceu a dádiva de ser Mãe.
Parabéns
FILHO É BOM, MAS DURA MUITO!
Aproveite agora, porque depois que o seu filho nascer, você nunca mais vai ter sossego na vida. Você nunca mais vai dormir.
Aproveite agora, que ele ainda não tem cólicas noturnas e ainda mama nas horas certas, porque depois a sua vida se transformará num verdadeiro inferno noturno.
Aproveite agora, que os dentinhos dele não começaram a nascer e, quando isso acontecer, não vai ter Nenedent que acalme nem ele nem você.
Aproveite agora, enquanto ele não engatinha, porque, quando começar a arrasar a casa e derrubar cadeiras e bibelôs e lustres e a comer jornal, só vai dar dor de cabeça.
Aproveite agora, antes que ele comece a andar. Aí acaba o sossego. É o perigo de ele bater a cabeça nas quinas da mesa, cair e meter a boca no chão, puxar panela no fogão. É um transtorno, filho andando. Ele correndo pela casa e você atrás.
Aproveite agora, enquanto ele ainda não está na fase do “Por quê?”, porque depois você não vai conseguir ler um jornal nem livro e nem ver televisão. E vai ter que explicar sempre o inexplicável.
Aproveite agora, que ele ainda não sabe ler e pedir o que quiser no restaurante. A única vantagem é você não precisar ficar traduzindo filmes para ele.
Aproveite agora, enquanto você programa as férias dele e ele ainda não ouviu falar no Disneyworld, porque você vai ter que pegar filas de duas horas e enfrentar montanhas-russas no escuro.
Aproveite agora, que ele ainda não é tarado por música, porque, quando ele resolver ouvir “música” na sua casa – com ou sem amigos –, até os vizinhos mais simpáticos irão reclamar. E não pense que ele vai tocar aquelas músicas do seu tempo, não.
Aproveite agora, que ele ainda não entrou na adolescência. Pois, quando entra, você nunca mais vai ter sossego, nunca mais vai dormir. Não se esqueça da íntima relação entre a palavra adolescência e adoecer. Não ele, mas, sim, você.
Aproveite agora, que ele ainda não está fumando maconha e nem acabando com o seu uísque e aquela cervejinha que você tinha certeza que estava na geladeira te esperando do trabalho.
Aproveite agora, que ele ainda não está andando em más companhias, porque você vai ter que aturar figuras saídas sabe-se lá de onde, com cabelos, brincos e tatuagens que você jamais poderia imaginar um dia conviver.
Aproveite agora, que ele ainda não tomou nenhuma bomba e você ainda acha que ele é tudo que você sonhou, porque, quando ele repetir de ano, você fará – para você mesmo – a eterna pergunta: “Meu Deus, onde foi que eu errei?”.
Aproveite agora, que ele ainda não decidiu que faculdade cursar, porque a escolha dele não vai nunca coincidir com os planos que você fazia para ele, quando ele ainda engatinhava.
Aproveite agora, que ele ainda não entrou na faculdade, porque, quando entrar, vai pedir um carro para ele ou usar o seu.
Aproveite agora, que ele ainda avisa quando vai dormir fora de casa, e você pode dormir sossegado e não pensar em ligações desagradáveis para a polícia, o hospital e, o pior de tudo, para o IML.
Aproveite agora, que ele ainda não casou, porque, depois, ele nunca mais vai te visitar, a não ser para pedir dinheiro emprestado.
Aproveite agora, enquanto ele ainda não tem filhos, porque, quando tiver, é você quem vai tomar conta deles nos fins de semana. Seu sossego chegará ao fim, logo agora que você se aposentou.
Aproveite agora, que ele ainda não se separou da primeira esposa, pois, quando isso acontecer, ele virá morar novamente na sua casa.
Aproveite agora, que ele ainda te ajuda com um dinheirinho, porque a sua aposentadoria não dá para nada, pois a segunda mulher dele vai ser contra a ajuda.
Aproveite agora, porque ele está pensando em te colocar num asilo de velhinhos.
Saturday, May 13, 2006
E QUEM VAI PAGAR MINHA TERAPIA?
Toda vez que se aproxima algum jogo da seleção brasileira, seja ela a principal, olímpica ou mesmo a master, eu faço uma visita para meu terapeuta. Não que tenha alguma coisa de errado comigo, pelo menos eu acho que não, apesar de muitos me dizerem o contrário. O problema é que a seleção mexe com alguns complexos que tenho.
O primeiro de todos é o de jogador frustrado, claro. E como um atleta de fim de semana que sempre sonhou em ser profissional, eu tenho a minha turma de futebol e claro com toda a minha frustração eu sempre quero mandar em tudo, fico dando instruções, não gosto de perder e muito menos que brinquem, afinal todo mundo sabe que rachão é brincadeira, mas não se pode brincar com o futebol aqui no Brasil.
Outro assunto recorrente em minhas sessões é o fato de não ser ouvido pela televisão, não sei se o meu aparelho está com defeito ou se o Parreira tem algum problema de audição, mas por mais que eu grite ele continua fingindo que não me escuta e olha que eu chego bem perto da televisão para ele não dizer que é problema de distância. Não sei porque, mas parece que ele está me evitando ...
Mas o que realmente ataca meus nervos e me deixa descontrolado, é a defesa brasileira. Na verdade pouco importa se a zaga jogou bem ou não, se os defensores fizeram um jogo perfeito ou falharam, ou mesmo se o Roque Junior prefere aquele penteado do Toni Tornado nos anos 70 a uma peruca mais moderna. Na escolha da zaga deve ser levado em conta muito mais do que o futebol, tem que conhecer os jogadores e saber dos gostos de cada um.
Imagina se o Parreira coloca em campo um zagueiro que gosta de emoções, que prefere jogar com um alto nível de adrenalina, ou seja um kamikaze. Na primeira oportunidade ele vai recuar para o goleiro uma bola na fogueira só pra ter aquele friozinho na barriga e sentir a emoção do perigo. Ia fazer falta perto da área só pra ver a tensão na cara do arqueiro e o desespero tomar conta de todos os torcedores na arquibancada. Antes de tudo o Parreira precisa saber se os selecionados para a zaga são adeptos da emoção à qualquer maneira, se eles gostam de filme de ação, praticam esportes radicais e são “viciados” em adrenalina. Imagina um pênalti nos acréscimos do segundo-tempo...
Essa discussão sempre ultrapassa os 30 minutos da sessão de terapia e só termina nos chopes do happy-hour. Livre do medo de parecer louco, eu inflamo meu discurso e defendo a inclusão de um instrutor de ioga na comissão técnica. Assim o técnico da seleção brasileira poderia auxiliado já na convocação.
Quem sabe com um discurso centrado e muito calmo o Parreira poderia mudar a cabeça dos nossos zagueiros e assim, um dia teremos uma dupla de zaga adepta da meditação e ioga regado a um bom chazinho...