E QUEM VAI PAGAR MINHA TERAPIA?
Toda vez que se aproxima algum jogo da seleção brasileira, seja ela a principal, olímpica ou mesmo a master, eu faço uma visita para meu terapeuta. Não que tenha alguma coisa de errado comigo, pelo menos eu acho que não, apesar de muitos me dizerem o contrário. O problema é que a seleção mexe com alguns complexos que tenho.
O primeiro de todos é o de jogador frustrado, claro. E como um atleta de fim de semana que sempre sonhou em ser profissional, eu tenho a minha turma de futebol e claro com toda a minha frustração eu sempre quero mandar em tudo, fico dando instruções, não gosto de perder e muito menos que brinquem, afinal todo mundo sabe que rachão é brincadeira, mas não se pode brincar com o futebol aqui no Brasil.
Outro assunto recorrente em minhas sessões é o fato de não ser ouvido pela televisão, não sei se o meu aparelho está com defeito ou se o Parreira tem algum problema de audição, mas por mais que eu grite ele continua fingindo que não me escuta e olha que eu chego bem perto da televisão para ele não dizer que é problema de distância. Não sei porque, mas parece que ele está me evitando ...
Mas o que realmente ataca meus nervos e me deixa descontrolado, é a defesa brasileira. Na verdade pouco importa se a zaga jogou bem ou não, se os defensores fizeram um jogo perfeito ou falharam, ou mesmo se o Roque Junior prefere aquele penteado do Toni Tornado nos anos 70 a uma peruca mais moderna. Na escolha da zaga deve ser levado em conta muito mais do que o futebol, tem que conhecer os jogadores e saber dos gostos de cada um.
Imagina se o Parreira coloca em campo um zagueiro que gosta de emoções, que prefere jogar com um alto nível de adrenalina, ou seja um kamikaze. Na primeira oportunidade ele vai recuar para o goleiro uma bola na fogueira só pra ter aquele friozinho na barriga e sentir a emoção do perigo. Ia fazer falta perto da área só pra ver a tensão na cara do arqueiro e o desespero tomar conta de todos os torcedores na arquibancada. Antes de tudo o Parreira precisa saber se os selecionados para a zaga são adeptos da emoção à qualquer maneira, se eles gostam de filme de ação, praticam esportes radicais e são “viciados” em adrenalina. Imagina um pênalti nos acréscimos do segundo-tempo...
Essa discussão sempre ultrapassa os 30 minutos da sessão de terapia e só termina nos chopes do happy-hour. Livre do medo de parecer louco, eu inflamo meu discurso e defendo a inclusão de um instrutor de ioga na comissão técnica. Assim o técnico da seleção brasileira poderia auxiliado já na convocação.
Quem sabe com um discurso centrado e muito calmo o Parreira poderia mudar a cabeça dos nossos zagueiros e assim, um dia teremos uma dupla de zaga adepta da meditação e ioga regado a um bom chazinho...
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